Desconhecimento de causa
A idéia da retirada dos impostos na importação
de carne de frango pelo governo mostra o desconhecimento de nossos
dirigentes. Eles simplesmente ignoram a realização
da atividade avícola no País.
Somos um dos maiores produtores de carne de frango do mundo, e porque
não dizer os melhores? Nosso produto é reconhecido
mundialmente como o relógio suíço ou o carro
japonês, pela sua qualidade.
Retirar os impostos de importação do frango seria
o mesmo que a Arábia Saudita os extinguisse para poder importar
barris de petróleo. Pura demagogia.
Não bastasse estas atribuições, nossa produtividade
sem dúvida invejável, com a índices zootécnicos
incomparáveis. Aplicamos tecnologia como em nenhum outro
setor da economia. Empregamos direta e indiretamente no País
milhões de pessoas, tendo representatividade significativa
da massa trabalhadora.
Somos a única atividade econômica crescendo anualmente
e investindo durante toda fase recessiva – se houve erros
não foram nossos. Tudo isso para produzir proteína
animal de primeira qualidade em um País desnutrido, a preços
mais baratos por quilo vivo. É mais acessível que
o custo de ida de um trabalhador ao serviço na maioria das
cidades brasileiras – e os políticos dizem que é
o transporte é uma obrigação social. Por outro
lado, também somos um dos maiores e competitivos exportadores
do mundo. São 470 mil toneladas no último ano –
com perspectivas de aumento – trazendo divisas para o Brasil
através de uma atividade produtiva.
Se o Brasil importar da Venezuela como estão afirmando será
um erro. Para quem não sabe, grande parcela dos países
da América do Sul - Venezuela, Argentina, Peru, Equador e
Chile – alimentam seu frango principalmente com farinha de
peixe, o que lhe confere o paladar de “peixe podre”.
Enfim, seria mais fácil o governo financiar nosso aumento
de produção para atender a demanda, pois temos capacidade
para isto a curto prazo, senão estaremos fadados a engolir
carne de frango com gosto de “peixe podre”.
Ou será que a Venezuela produz melhor que nós?
RENATO CRITTER
sócio-diretor Avipa |