| Veterinários Bombeiros  Ao compararmos a situação sanitária do plantel
              avícola nacional atual que tínhamos em mãos
              num passado não muito distante, é lamentável
              termos que admitir que não evoluímos. Razões?
              É muito simplista a teoria de alguns dizerem que importamos
              problemas, é isso que temos escutado ultimamente.
 Talvez uma análise mais profunda do tema vai nos culpar drasticamente
              por essa situação. Primeiro, porque se “importamos”
              problemas sanitários, é porque não tivemos
              a capacidade suficiente de controlarmos as entradas de material
              vivo que chega ao país – e não é um problema
              do Governo ou do Ministério da Agricultura – pois o
              interesse da conservação é também de
              quem importa, ou será que até nesses casos a área
              comercial não entende que a médio prazo ele também
              estaria tendo prejuízo?
 
 Segundo, porque é visível nas propriedades –
              granjas – a diminuição dos cuidados sanitários
              e com biossegurança. Procedimentos simples como lavagem de
              chinelos, fumigações de pequenos materiais que adentram
              à chamada área limpa, etc; estão deixando de
              ser feitos, e não é por desleixo, e sim pela inviabilidade
              de poder “perder tempo”, pois as empresas enxugaram
              seu quadro de pessoal de tal maneira, que não há quem
              faça o serviço. Hoje temos galponeiros telefonistas,
              motoristas mensageiros, incubadores digitadores e por conseqüência
              veterinários bombeiros.
 
 E a galinha que nos dá ovos? Bom, está cada vez mais
              se aproximando dos resultados de produtividade obtidos fora do Brasil,
              no “primeiro mundo” e conseqüentemente aumentando
              nossos custos e diminuindo as margens das empresas, que por sua
              vez cobram os técnicos de um melhor rendimento produtivo.
 
 Sempre tivemos melhor produtividade que qualquer país do
              mundo, talvez não pela eficiência da mão-de-obra,
              mas sim pela sua presença, nos trazendo informações
              de cada lote quase de imediato, fazendo com que pudéssemos
              gerenciar, manejar, prevenir ou medicar com eficiência e criatividade
              os planteis.
 
 O mesmo está acontecendo com a indústria de biológicos
              avícolas, pois o preço das vacinas hoje é pelo
              menos 50% menor do que era nos tempos atrás; onde esta era
              um celeiro de profissionais que contribuíram eficientemente
              para a pujança de nossa Indústria Avícola.
              Constantemente aceitamos diálogos do tipo... consegui tal
              vacina mais barato... e não... obtive melhores resultados
              com tal produto... É mais importante ter custos menores de
              compra que obter resultados com segurança e com um produto
              de qualidade.
 
 Hoje, os tempos são outros, de modernidade, de reestruturação,
              de enxugamento e o que vale é somente o cumprimento das metas
              – dos números – é a “qualidade total”.
 
 É mais fácil reduzir o quadro de funcionários
              – culpando-os pelos erros cometidos e se enganando que está
              diminuindo custos – que lutar pelo aumento da produtividade
              através de investimentos em produtividade – porque
              isto custa e não é palpável.
 
 Talvez no dia que as empresas puderem produzir sem homens, estes
              empresários descubram que não vai haver quem compre
              seu produto.
 RENATO CRITTERsócio-diretor Avipa
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