Depois da tempestade, o importante é
o homem
Quantas expressões de modernidade temos escutado nestes
últimos anos?
Reestruturação, tercerização, reengenharia,
qualidade total, “downsing” entre outros.
Mais que expressões e tomadas de atitudes administrativas
de sucesso nas empresas de primeiro mundo, havia uma pressão
subconsciente de garantia de perpetuação das atividades
das corporações, que se dispuseram a atravessar os
manuais de procedimentos aplicativos nas estruturas empresariais
brasileiras baseados em conceitos vindos de fora.
Realmente cortou-se substancialmente custos através da “
maior adequação da mão-de-obra utilizada”
(será que se cortou só os custos?). Por outro lado,
nunca se questionou se dentro do processo o homem trabalha para
viver ou vive para trabalhar. A estrutura moral ou social da comunidade
tupiniquim é baseada na família, no convívio
interativo de pessoas ou na produtividade das empresas (a tal ponto,
somente interessavam os números). Também não
foi questionado se ao desenvolver todos esses conceitos nos países
de origem, existiam “ fatores intrínsecos” que
poderiam interferir no resultado final como o CPMF, finsociais,
ICMS, INSS e outras tantas tributações dúbias
e em duplicatas como vivenciamos “a cá” abaixo
do Equador, a fundo perdido, sem retorno. Que tal e todos cortássemos
estes custos?
Nossa estrutura básica de apoio nas áreas de sáude,
segurança , transporte e principalmente educação,
na maioria das vezes, nos causam sérios entraves na aplicação
de conceitos comprovadamente de sucesso nos países industrializados,
porém são entidades falidas no âmbito nacional.
A remuneração de nossa mão-de-obra básica
ainda está na época do “ engana que está
me pagando que eu engano que estou produzindo”, ou seja, é
baratíssima nominalmente, mas caríssima no produto
final, acrescentando-se o sócio federal.
Não se justifica num país de tamanha extensão
territorial, de tamanha desigualdade social, se aplicar regras equivalentes
a locais onde quase não se existe analfabetismo e onde as
riquezas naturais já são tão escassas a ponto
de diversas atividades aqui emergentes serem cada vez mais inviáveis
por lá, sem citar as dificuldades climáticas.
Está na hora de tornarmos posições diferenciadas
e específicas às nossas condições locais
para obtermos melhores resultados perante a competitividade imposta
pela globalização, que nada mais é que uma
grande jogada de marketing tentando fazer impor o poderio econômico
das grandes potências, onde quem pode mais, chora menos.
O maior exemplo disso é a globalização de refrigerante,
por exemplo, pois em qualquer local do mundo o monopólio
impõe seus preços, a um custo bem superior ao praticado
aqui, por uma simples razão: no Brasil há um produto
de qualidade tipicamente nacional, que impede essa prática,
competindo em igualdade de condições e evitando a
monopolização.
Somos um povo sensível, criativo e numeroso, que merece um
mínimo de respeito e redistribuição das riquezas
que nos pertencem.
O sucesso de qualquer empresa em termos de qualidade, produtividade
comercial e administrativa está baseado nos conceitos morais
de respeito mútuo entre as pessoas (brasileiros), pura lealdade
e honestidade, diferente de outras culturas primeiro-mundistas,
um tanto quanto frias nesse aspecto.
Se levarmos em consideração o homem, antes de tudo,
com seus defeitos e virtudes, aproveitando o que de melhor ele pode
nos oferecer, e sabendo como perdoar suas inúmeras falhas,
construiremos um país respeitável e diluiremos muitas
desigualdades, sem a intromissão política, que não
tem dado esse exemplo.
RENATO CRITTER
sócio-diretor Avipa
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